Decorria o ano de 1.985 quando Antonio Santos Ferreira, o Tonhão, com menos de 20 anos de idade deixou Ibirataia, interior da Bahia, e veio “tentar a vida” em Ilhabela. Desde então sua vida mudou da água para o vinho, um bom vinho.
Chegou ao arquipélago, ficou encantado com a beleza do arquipélago e foi ficando. A primeira oportunidade de trabalho surgiu no Hotel Petit Village, no bairro do Itaguassu, onde permaneceu por anos seguidos, fazendo de tudo um pouco, mas tendo pela cozinha uma predileção.
Depois começou a trabalhar na cozinha do restaurante Deck, onde armazenou conhecimentos, desenvolveu o seu trabalho, aprimorando-se em seguidos cursos.
Cada vez mais envolvido nos mistérios da cozinha, Tonhão foi convidado para desenvolver trabalho similar em Bauru, interior de São Paulo, e, dada a possibilidade de ampliar horizontes, com um leque de opções a novos cursos, principalmente do Senac, deslocou-se para a conhecida “capital da terra branca”, onde ficou dois anos.
Duchi e dona Marianne foram buscá-lo e Tonhão voltou para Ilhabela, desta vez para chefiar a cozinha do Deck, desenvolvendo trabalho que se fez conhecido e projetado entre os turistas, principalmente do exterior em visita à cidade.
Em 2003 surgiu a oportunidade de evoluir, praticar, ganhar novos conhecimentos e romper horizontes, num ramo de atividade muito valorizado. Despediu-se dos amigos – e eles não são poucos em Ilhabela! – e embarcou para a Europa, tendo Amsterdam, a capital da Holanda, com destino. Por uma série de coincidências, Tonhão alterou sua rota, e terminou aportando na encantadora cidade de Saint-Remy-De-Provence – que fica no sul da França, pertinho de Avignon e Marselha –, cidade turística, com muitos atrativos.
Saint-Remy-De-Provence, cidade medieval, tem uma população fixa em torno de 20 mil moradores – que quintuplica nos feriados e no verão –, mais de uma centena de restaurantes.
Abriram-se as portas do estabelecimento, um restaurante tradicional, de propriedade de Anthony Perlez, para Tonhão mostrar os seus conhecimentos de culinária e de “grand chef”, diante de uma equipe de outros oito colaboradores, seus companheiros de trabalho.
Com um cardápio alicerçado no milenar mediterrâneo, Tonhão foi usando e abusando de seus conhecimentos mais simples e os adaptou ao gosto do francês e dos turistas, freqüentadores do estabelecimento, ganhou a confiança dos patrões, o interesse dos parceiros e a preferência da clientela fiel, incorporando ao cardápio o jogo de cintura do apreciador de grandes persecuções na arte de cozinhar.
Foi aplaudido, e muito. Recebeu convite de escola de culinaristas jovens, passou por uma enquete entre eles e foi ministrar-lhe aulas, no curso denominado “Jovens talentos”.
No ano passado, o restaurante Brasserie les Variétés, instalado em um sobradão do século XVIII e cuja cozinha é chefiada pelo Tonhão, teve seu cardápio eleito como o melhor da cidade. Um dos pontos forte do cardápio – com todos os pratos selecionados pelo Tonhão – é uma sopa introduzida por ele, composta de feijão branco e camarão, dando-lhe título preferencial em concurso regional.
A simplicidade de nosso entrevistado é que o impulsiona a novos passos, e, circunstancialmente, novas conquistas, porque com todo o sucesso alcançado no exterior, afirma, sem pestanejar, que “o mais importante é a gente querer sempre aprender mais, é ter a vontade de aprender, fazendo novas buscas.”
Especificamente sobre a vida pessoal, Tonhão fala com muito respeito do patrão, Anthony, que o acompanha nesta viagem que prossegue até o próximo dia 6 e que prevê uma visita a Ibirataia e Salvador. Fala também do Olympique de Marselha, seu time francês.
Tonhão é possuidor da Carte de Sejour Temporaire, com prazo de validade até maio deste ano, renovável por 10 anos a partir daí, tendo, ainda, a Carte d´assurance - Vitale, um cartão de saúde nacional, para atendimento médico hospitalar. Na França, excetuando-se atendimento oftalmo-odontológico, todo atendimento médico é totalmente gratuito.
Das visitas dos “brasucas” que têm recebido em Saint-Remy-De-Provence, Tonhão faz questão de destacar a de Renata da Silva, hoje responsável pelo restaurante Maracuthay, no Saco do Indaiá, centro de Ilhabela, com o cardápio voltado à culinária tailandesa. Renata foi fazer um estágio de aprendizado com o Tonhão no Brasserie les Variétés, mas mostrou categoria e acabou contratada.
Além do patrão Anthony, Tonhão está acompanhado de um chef de outro restaurante de Saint-Remy-De-Provence, François Didiovani, também encantado com Ilhabela e com a amizade e o respeito dos muitos amigos do bom e ilustre visitante que nos representa no exterior, com a preciosidade de seus pratos, a dedicação na arte de coser, o esmero e o carinho, fazendo tão bem o que sabe e gosta.
O duro tem sido controlar a saudades do Brasil e de Ilhabela. Ainda bem que a internet lhe permite manter contato diuturno com brasileiros espalhados pelo mundo todo, desde Dina Moreira, outra baiana-ilhabelense, também ex-Petit Village e ex-Deck, que vive do outro lado mundo, na chinesa Xangai, até a leitura do jornal canalABERTO, que mantém Tonhão a par de todas as peripécias que rolam pelo arquipélago mais cheio de perequeté e encantos do planeta azul.
C’est la vie, mon amie!...
Esse aí eu conheço, se orgulha da sua Cidade Natal!!! Isso explica o seu Sucesso...
Fonte: jornalcanalaberto
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